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sábado, 9 de setembro de 2017

Você tem fome de quê?



            Quando um ser humano nasce, sai do ambiente seguro e tranquilo de dentro da barriga da mãe e passa pelo estresse de ser recebido em um ambiente cheio de cheiros, luzes, vozes, ás vezes dolorido.  Esse momento pode ser considerado delicado e nada agradável, mas assim que é verificado que tudo está bem com bebê que acaba de nascer, vem a recompensa!  É oferecido a ele o seio materno, o qual lhe fornece alimento e temperatura perfeita, com nutrientes necessários, e logo para de chorar.  Desde cedo, então, aprende que o alimento e prazeroso e proporciona conforto, sendo reforçado no decorrer de seu desenvolvimento em outras situações, o quando o amor, o carinho, o aconchego a alegria, podem ser representados com a comida em algumas situações.  Ele pode chorar devido a vários fatores como fome, frio, calor, sono, dor, mas geralmente uma das primeiras soluções a ele oferecida para aplacar o sentimento desagradável é a comida e, assim a comida vai se tornando “o primeiro antidepressivo ou ansiolítico”, pois ela é uma das primeiras estratégias para lidar com sensações desagradáveis.
        Mais tarde, quando as frustrações afetivas ocorrem, algumas pessoas, diante da impossibilidade de saber lidar com o desconforto interno, poderão reativar essa sensação de que comida é igual a bem-estar.
        Muitas vezes as pessoas comem porque se sentem entediadas, solitárias, infelizes, tristes, ansiosas, cansadas ou por qualquer outro motivo que não esteja diretamente relacionada à necessidade de se alimentar.  Perdas, decepções, frustrações,necessidade de agradar ou ser aceito, rejeição , rompimentos, luto, dentre outros, podem favorecer a alteração do comportamento alimentar, levando o indivíduo a comer demais ou até compulsivamente.  O alimento, nesse contexto, seria um substituto do afeto perdido.  O bolo de chocolate ou prato calórico se tornam um carinho que a pessoa se faz.  O cérebro começa a criar outras funções para o alimento que não só a de nutrição e, o alimento passa a ter a função afetiva.  Ele pode significar amor, afeto, carinho, reconhecimento e se torna uma bengala.
          Quem nunca sentou em um restaurante ou na mesa da cozinha da sua casa após um dia estressante, após uma briga, frustração ou desapontamento e desejou um prato bem calórico e disse:  “hoje eu mereço comer tudo que eu tenha vontade, uma feijoada, uma barra de chocolate, um pote de sorvete” e por ai em diante?  A falsa sensação de merecimento é, em muitos casos, uma falta disfarçada de comida.
         Cabe esclarecer que não há nenhum problema em sentir prazer com a comida e de comer um pedaço de bolo que o remeta a momentos de alegrias em família.  Ao entender que sentir prazer comendo faz parte da nossa vida de alivio, mas é importante aprender a falar do que esta incomodando, a dor, a tristeza, permitindo expressar de maneira assertiva as emoções e sentimentos.
          Um profissional pode ajudá-lo entender a relação que você tem com a comida e como você está reagindo frente aos sentimentos não tratados.
           É um círculo vicioso que precisa ser rompido.
           Encerro por aqui te perguntando:  Você tem fome de quê?

Sarah Karina M. S. Lima
Psicóloga
CRP- 06/134797

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